Moss Fluyt

Relembrando a primeira mensagem :

Um breve conto sobre os primeiros integrantes da guild Moss Fluyt.

[H]

Posts que iniciam em um novo tempo, pelo ano do calendário ou pela idade, ou local devem específica-los.

Eu bebi tanto naquela noite que mal posso lembrar aonde tudo aconteceu. Mas quem se importa? Nem quando estou sóbrio sei aonde estou.

As tavernas da região tinham tudo a me oferecer, menos uma boa briga. Lembro de ter tentado provocar um casalzinho de moleques ao meu lado, mas aquela gente é muito tímida, não sabe conversar com os punhos.

A única coisa que salvou minha estadia pelo lugar foi o rumor da criatura que estaria próxima da cachoeira naquela noite. Contavam histórias sobre ela e falavam com temor, mas o povo de lá era medroso demais. Eu sábia que não era nada que eu não poderia vencer.

Depois disso, tudo que me lembro é de estar seguindo a trilha do monstro nos arredores na cachoeira. Nunca fui bom rastreador, e isso era evidente ao julgar pelos meus gritos de provocação nada discretos. Eu só queria ver de uma vez com o que eu iria lidar

A pouca luz que iluminava o ambiente vinha dos vaga-lumes e da lua, que naquela ocasião parecia até maior do que de costume.  Por mais que estivesse começando a ficar chato procurar alguma coisa por ali, eu insisti por mais alguns minutos. Eu preferia me agarrar numa possibilidade do que sair dali sem nenhuma cicatriz.

Foi então que a pequena luz da lua simplesmente se esvaiu. Uma sombra com dez vezes o meu tamanho se ergueu sobre mim, colocando para correr todos ali presentes. Eu, por outro lado, me animei ainda mais por sentir novamente aquela excitante emoção. A adrenalina já começava a correr pelas minhas veias quando eu me virei e encarei a criatura.

Não via mais ninguém ali comigo, mas o que eu esperava era realmente uma luta mano-a-mano. Apertando meus punhos firmemente, eu ergui-os sobre meu rosto e dei alguns socos rápidos no ar, preparando-me para encarar a fera.

- Merda, você é grande. Vai dar muitos, muitos cintos. E a história vai me fazer pegar algumas garotas. - Disse, confiante, enquanto me preparava para avançar contra a criatura.

Antes que pudesse dar algum golpe, porém, o monstro levantou voo. Achei que tentaria me atingir e já me preparei para esquivar, mas seu alvo não era eu. A fera simplesmente me ignorou e foi em direção à alguém que eu nem havia notado antes.

Quando me dei conta, eramos apenas eu e o atirador contra aquela fera. Até hoje preferia tê-la enfrentado sozinho, mas fui obrigado a lutar lado-a-lado com alguém uma vez.

Antes que o dragão pudesse investir novamente contra o atirador, uma insignificante pedra atingiu seu corpo. Por mais que tentasse ignorar, logo vieram várias outras, até que a criatura se irritou.

- Cale a boca, Seraph. Deveria se sentir honrado por poder lutar ao meu lado. - Disse, encarando firmemente o outro combatente. Enquanto o desafiava, já preparava outra pedra para lançar no monstro. - Vocês dois parem com essa viadisse. Desçam aqui e troquem golpes de verdade!

Parecia até que a fera podia entender minhas provocações, já que ela investiu furiosamente contra mim. Ainda que despreparado, eu já estava mais do que acostumado a lutar distraído, e em um deslize ligeiro para o canto, eu pude esquivar-me de seu ataque. Não contava, entretanto, com a cauda do monstro que vinha logo atrás, e a mesma tratou de me lançar alguns metros para longe.

- Merda, estou acostumado a lutar com coisas menores. - Balbuciei após minha tentativa falha de parecer habilidoso. Eu mal vi a fera se aproximando de novo enquanto tentava recuperar minha postura.

Atordoado, eu mal teria visto o que me atingiu se aquele dragão me pegasse. Claro que eu não admiti e nem reconheci isso, e tratei de me manter arrogante quanto àquele Seraph. Apenas observei enquanto ele afastava o dragão, e já estava pronto para me recompor e retornar à luta quando o monstro fugiu.

O Seraph veio então até mim, como se me cobrasse. Por mais que ele tivesse conquistado algum respeito enquanto lutava, eu me revoltei com sua postura.

- Cale a boca, viadinho. Você quem não sabe acabar uma luta. Suas cócegas fizeram o bicho perder o interesse. - Refutei, arrogante, enquanto erguia meu punho na frente do meu rosto e o encarava. - Se quer tanto assim brigar, eu tô bem aqui!

- Pff. Convencido emplumado. - Murmurei, rangendo os dentes para o Seraph enquanto cruzava os braços em desaprovação.

Eu observei o dragão partindo enquanto o atirador se afastava. Estava decidido a simplesmente desistir de ter uma boa briga e dormir em qualquer lugar, quando, em um estalo, fiz algo que nunca faço: raciocinei.

Como um andarilho de longa data, eu conhecia aquelas colinas para onde o dragão tinha fugido. Sua trilha era traiçoeira, mas eu já a havia atravessado anos atrás. Como estava em uma situação ruim quanto a dinheiro, por que não tornar daquilo uma oportunidade de lucro?

- Escuta aqui, palhaço. - Disse, me aproximando de novo do caçador. - Nós temos nossa diferença, e isso é bem evidente. Entretanto, eu sou tanto um andarilho quanto um lutador, e um dos bons. Pelo preço certo eu posso não só te guiar pelo caminho difícil daquelas colinas quanto te ajudar a caçar a fera.

- Tudo bem se quiser prosseguir então, espertalhão. - Disse, despreocupado. Enquanto ele se afastava, eu simplesmente recostei-me numa árvore próxima e observei o ambiente ao redor. - Se quiser ser comido por outros dragões que habitam aquelas colinas, você não tem nada a perder mesmo. - Murmurei apenas alto o suficiente para que ele me ouvisse.

- Você não conhece as lendas, não vive nas estradas. Eu já passei por aquelas colinas, e o caminho é traiçoeiro, eu te digo. - Viro-me para o Seraph, dessa vez num tom sério. - Escuta amigo, não sou eu dizendo, são os rumores. Passe algumas horas ouvindo um bardo tocar e ouvirá as histórias. Se quiser se arriscar, eu não tenho nada a ver com isso, eu sou só um cara tentando ter uma briga decente. - Disse, dando de ombros.

Agora com quatorze anos de idade e tendo que cuidar de seu irmão de apenas doze, I'Roanz, continuava a se prostituir em nome do velho homem e a vender seu corpo das mais diferentes formas. Até que o fatídico dia se aproximou.

Fazendo mais um dos seus trabalhos escravos junto de seu irmão, forçada a lutar numa espécie de pequeno Coliseu Underground apenas ficava a escutar a música que saía dos hábeis dedos do garoto guaxinim. E no meio daquela arena seus olhos encontraram-se com os de uma mulher, enquanto corria para se defender dos golpes dos gladiadores com o dobro de sua altura.

Hora o'utra usando do próprio corpo para proteger seu irmão mais fragilizado. 

- Zwei fique atrás de mim e não saía! - Disse ela.

Erguendo dois machados, um posicionado em cada uma das mãos, ela desferia o golpe que iria matar os oponentes quase que instantaneamente. Seus olhos brilhavam com o ódio que sentia e um frescor que a deixava viva fazia sua pele reluzir com beleza natural. 

Mia, com seu quase infinito dinheiro, não tinha muito o que gastar. Então, em uma das suas noites de insônia, pensou na possibilidade de comprar um escravo. Sua mente era confusa mesmo, iria apenas comprar para ter companhia.

Mas, obviamente, por não ser burra, decidiu comprar um escravo que pudesse se proteger. Alguém que fosse útil, além de uma boa companhia.

Com isso em mente, foi até um coliseu clandestino. Aqueles famosos por utilizarem escravos para lutar contra guerreiros ou outros escravos. Lá, Mia se deparou com uma Kemodo que ela achou incrivelmente fofa e, acima de tudo, destemida. Assim, depois de várias tentativas de persuasão, conseguiu fazer com que fosse vendido os irmãos guaxinins.

No seu primeiro encontro com os irmãos, Mia estava sentada em um puff vermelho, com outros dois de cores verde e azul à sua frente. O quarto era enfestado por bebidas de vários tipos, principalmente vinhos e cervejas. Além de alguns equipamentos de sobrevivência e tipos variados de comidas, vindas de todo os continentes.

— Olá! — disse Mia com um sorriso sincero e feliz — Até que enfim aquele velho aceitou a proposta, tive que aumentar 3 Gil por vocês, sabe o que é isso? 3 Gil é muita coisa! — falava ela, enquanto eles tinham as primeiras visões do lugar e de sua nova dona.

Olhou em volta, analisando a sala e os movimentos de Mia. Estava logo atrás de Einz, mas não conseguia manter sua atenção com todas aquelas comidas perto deles. Logo, lembrou-se de onde estava e voltou a encarar sua nova dona. 
Após ouvir a reclamação da burguesa, se curvou levemente com o propósito desculpar-se.

- Desculpe o incômodo. - Murmurou alto o suficiente para a mesma ouvir. Queria "testar as águas" com a nova mestra, mas queria ser cauteloso.

O olhar desconfiado da garota, logo se transformou em ódio. Mordeu o lábio inferior com força o suficiente para fazer-lo sangrar, justo agora que tinha forças para finalmente matar aquele velho mesmo que fosse sacrificada logo em seguida? 

- Então é mais uma que pensa em nos tratar como mercadoria, não é mesmo? - O sorriso sádico surgiu na face, junto da fúria transparente. - Então porque não vem até aqui e tenta me colocar uma coleira! Ainda temos muito tempo antes de matarmos aquele lixo Numen! 


Ficava parada na porta, tentada a comer e saciar a fome de dias. Ficava tentada a beber e saciar a sede crescente, ainda assim estava quase totalmente cega pela fúria e pelo desprezo de alguém que compraria um escravo.

— Ixi... A fome deve mexer com a cabeça de vocês, 'tão até ficando malucos! — falou Mia, rindo brevemente em seguida — Podem comer o que quiser, quando estiverem de barriga cheia, conversaremos — dito isso, começou a mordiscar o peito de frango que estava em sua mão, revezando com um gole de vinho tinto suave – um dos caros, como tudo que tinha naquela sala –, com a boca ainda cheia, ela complementou — Sempre conversamos melhor de barriga cheia, nosso cérebro fica muito ocupado digerindo a comida e esquece de ser formal e falso, não acham?

Encarou sua irmã com admiração, pois ela tinha a coragem que ele desejava ter para falar o que pensava. 

Antes de aceitar a proposta de Mia, hesitou, trocou olhares entre ela e as comidas, mas sua fome era maior do que sua desconfiança. Em seguida, encarou Einz, esperando uma ação e afirmação de que estava tudo bem em comer.

Perguntava-se o que uma burguesa teria para falar com um escravo. Não é como se eles tivessem escolha.

A menina olhava para o banquete com uma certa preocupação e então limpava a baba que começava a escorrer. Por um segundo deixou escorrer uma lágrima: "Seria essa nossa salvação?!" e então mudou novamente o semblante. "Não! Deus não é tão bondoso com gente da nossa laia!" pensou consigo mesma.

Esperou mia engolir o primeiro pedaço daquele frango, roubou-o e então o jogou na direção de Ron!

- Não acho que você comeria laxante por pura e espontânea vontade apenas para ganhar nossa confiança! - Disse ela com ar de vitoriosa. - Você não pode nos enganar! Enquanto estivermos com essas algemas não confiaremos em você, peituda! - Disse ela sorrindo, ainda sentindo-se na liderança.

Quando seu irmão terminasse de comer toda a carne do peito do frango ela começaria a roer o osso a fim de conseguir alguma caloria e energia. O que apenas aumentou sua fome. Deixando-a ainda mais tentada em aceitar a comida.