Moss Fluyt

Um breve conto sobre os primeiros integrantes da guild Moss Fluyt.

[H]

Posts que iniciam em um novo tempo, pelo ano do calendário ou pela idade, ou local devem específica-los.

Meus grandiosos cachos dourados, que caíam até um pouco abaixo de meu quadril, estavam entrelaçados, criando uma longa trança dourada. Meu vestido azul-claro com babados de um cinza quase branco. Minhas sapatilhas pretas e as meias brancas que cobriam toda a canela. Na sua mão direita estava uma pequena luva branca e fina, com um símbolo no meio, o símbolo da família.

Assim vestida, fui ao salão e comecei a ser apresentado para cada uma das pessoas. Sorria gentilmente para cada ser que aparecia em minha frente, cumprimentando e reverenciando como sempre fora sido ensinado.

Aquilo parecia nunca terminar. Mas, enfim, depois da última pessoa, aproveitei que meus pais continuaram conversando com o convidado e me retirei, dando uma reverencia como adeus.

Comecei a passear pelo local, admirado por como as mulheres pareciam bonitas – ao menos as que realmente eram bonitas, por que tinha umas que, nossa mãe. Dançava ali e acolá, principalmente com as moças bonitas que se prestavam a atrapalhar minha dança individual.

Em um dos passeios, vi, de longe, um pequeno rapaz ao lado das bebidas. Curiosa, fui até ele e, um pouco sem se importar com sua posição – pois, apenas era uma criança e não ligava muito para elas, só para adultos que os seus pais obrigavam – apenas disse:

— Você já tem idade para beber? — a pergunta poderia parecer um pouco rude, principalmente para quem não conhecia o meu tom normal de conversa.

Sorri e ri, tapando a boca para não deixar escapar muito escandalosamente, quando ele olhou em volta para ver se alguém estava de olho e, depois dele perguntar sobre brincar com outras crianças, quase não consegui segurar o riso com a mão.

— Meus pais não deixam eu brincar com esses vestidos, é comum que eu rasgue eles ou perca umas peças — falei, levantando a mão esquerda, que estava sem a luva branca — Você devia tentar algo mais doce, essas bebidas são amargas e fortes — falei, pegando um pouco do suco exageradamente doce de morango que havia ao lado dos vinhos, com a concha e pondo em dois copos. Estiquei um para ele e sorrindo, comecei a tomar o meu. Depois de vazio, soltei um barulho e balancei a cabeça, o que demonstrava o quão doce aquele suco era.

— Nenhum desafio é difícil o bastante para mim! — falei, orgulhosa, pondo as duas mãos na cintura e fazendo uma pose de herói.

— Mas, me admira mais você aguentar essas bebidas ai, elas são muito mais horríveis — deixei escapar uma língua, fazendo mais uma careta — Ah! — simplesmente a careta sumiu e o pequeno e baixo berro saiu da minha boca — Meu nome é Mia Malvilian, muito prazer — falei, fazendo uma reverência, me abaixando um pouco e esticando o vestido, com as ponta dos dedos, para o lado. Era só uma brincadeira, claro, mas as vezes eu gostava de fazer aquilo.

— A gente tem que gostar, né! Se não, eu ficaria por um bom tempo entediada e triste — falei, um pouco mais séria agora, mas, tentando disfarçar com um sorriso gentil. Peguei mais um pouco do suco de morango e comecei a tomar de pouco em pouco. Apenas para fingir que estava tudo bem.

Estava se concentrando, em sua mente, para que pudesse se animar novamente depois daquilo que eu acabara de dizer. Mas, enquanto olhava para baixo, mexendo minha mão para lá e para cá com o copo, para que o liquido balançasse, enxerguei a mão estendida de Kieran e então olhei para ele, ainda um pouco séria. Depois de ouvir sua requisição, ergui um sorriso muito grande. Era bom ouvir algo deste calibre algumas vezes – na verdade, eu nunca iria reclamar se recebesse isso toda hora. Deve ser a melhor sensação – e por causa disso, apenas assenti, afirmando com um balançar de cabeça.

Larguei o copo na mesa e botei, delicadamente, a mão esquerda em cima da dele, encostando primeiro as unhas – que por sinal, eram compridas e finas – em seus dedos, em seguida, deslizando dedo com dedo para, enfim, chegar o início da palma da minha mão nos dedos do garoto, assim como minhas unhas encostavam no início da palma da sua mão – se não fosse pela diferença do tamanho das mãos, a posição dos dois seria a mesma. Olhei para sua mão durante todo esse tempo, estava um pouco nervosa por alguém me tratar tão bem sem parecer querer algo em troca – habilidade que adquiri depois de tanta gente falsa falando comigo. E assim, apenas esperei ser levada até a pista de dança. Até lá, iria recobrar a minha consciência para voltar ao meu "normal eu".

Apenas me deixei ser conduzida, como era de costume de uma dama. Ao ouvir sua pergunta, demorei um pouco para responder, mas, com um sorriso, apenas menti:

— Hm? Ah! Eu apenas 'tava pensando no que eu ia pedir pra comer amanhã! — o sorriso era descaradamente gigante, tentando disfarçar. Talvez ele fosse capaz de notar que era uma mentira, mas, com certeza, se ele notasse, saberia que o certo era não insistir nisso — Mas, me diga, você é novo neste continente? Nunca te notei nessas festas.

Não iria dizer nada para aquilo, apenas continuaria sorrindo, um pouco menos falso dessa vez. Concordava com ele que alguns poderiam ser bem irritantes, mas, não achava certo recorrer pra aquilo.

— Tenho 15 anos só, e você? — perguntei — Nunca te vi em nenhuma das outras... — falei, um pouco desanimada. Estava um pouco triste por ter conhecido-o somente agora, podia ter se apoiado nele se tivesse o conhecido um tempo atrás. Mas, não podia pensar nisso agora, tinha que continuar a conversa normalmente — Ai ó, viu? Perdeu de me conhecer por ficar perto dessas bebidas! — brinquei, dando uma risada baixa, curta e educada.

— Que pena que te acharam só agora — brinquei, rindo baixinho logo após. Tentei pensar em motivos para acreditar nele e tentar desvendá-lo. Mas, parece que seria mais divertido apenas seguir a dança como se fosse uma nova música a experimentar. Em seguida, ouvi sua brincadeira sobre os namorados.Quando eu ouvi aquilo, fiquei um pouco irritada, mas, decidi entrar na brincadeira dele, mesmo não gostando disso.

Arqueei uma das sobrancelhas e, lentamente, levantei minha mão que apontava para ele. Meu braço imitava um arco com a mão deitada, formando uma só linha com o dedo. Depois de alguns segundos com aquele movimento, simplesmente comecei a rir, abaixando a mão como um tapa no ar — Brincadeirinha! Não ligo para essas coisas, não tenho tempo para isso. E também, é possível que meu casamento seja arranjado! Para que eu vou pensar nisso? — continuei no tom de brincadeira, mesmo que a última parte parecesse fria, desta vez, a máscara não tinha caído e eu parecia tão natural quanto a luz do dia — Mas, e você, mocinho. Não vai me responder quantos anos tem?

Fiquei com vontade de espirrar com o seu toque no meu nariz.

— O máximo que pode acontecer, é te degolarem por tocar em mim. De resto, é comum — sorri, retribuindo sua brincadeira do nome. E assim que eu terminei de falar, espirrei, escondendo a boca com a luva branca e em seguida limpando no vestido, disfarçadamente. O espirro era fino e irritante, mas, ao mesmo tempo fofo. Ele era um pouco "segurado", como se tivesse saído depois de muito aguentar.

— Mas não se preocupe com essas coisas, eu normalmente não socializo com as crianças. Meus pais brigariam comigo mais fácil, pois diriam que eu posso ficar burra por ficar perto deles

Assim que vi ele sendo puxado por sua provável mãe, agradeci a ele pela dança, com um gesto de reverência comum de uma dama – abaixei-me e, delicadamente, com as pontas dos dedos, puxei o vestido para o lado.

Por causa disso, apenas sumi, voltando aos afazeres de uma sucessora.