por Sophia Lamartine Qua Out 05, 2016 10:04 pm
Acordei já com a claridade da manhã, que incomodava profundamente meus olhos. Sonolenta, me sentei aos poucos, espreguiçando-me em seguida. Me sentia completamente renovada, como não acontecia há muito tempo. Conforme o sono passava, lembranças do dia anterior começavam a tomar conta da minha mente. Subitamente, comecei a xingar-me mentalmente. Mas não podia negar que eu havia adorado.
E isso fazia com que eu me sentisse pior ainda, já que eu não deveria ter me entregado a ele. Não deveria ter me permitido. Essa sensação se intensificou ainda mais quando me virei para procurá-lo e ele não estava lá. A única coisa que denunciava que ele estivera ali era o outro lado da cama, fundo e bagunçado. Suspirei pesarosamente, um pouco decepcionada.
Senti, então, um cheiro de café invadindo minhas narinas. Isso fez com que eu inspecionasse o quarto com o olhar, encontrando tudo estranhamente arrumado, além de roupas novas — e bem escolhidas — e a origem do cheiro, junto também a um lanche. Eu não sabia mais o que pensar. Aquele era mesmo o Krane que eu conhecia? Infelizmente, o fato de que ele não estava mais lá indicava que sim.
Sem conseguir resistir, me dirijo à mesa em que a comida se encontrava, faminta. Estava há muito tempo sem comer e, quando o fiz, aquele parecia ser o melhor café da manhã que já havia tomado, apesar de não se comparar aos que antes eu estava habituada a tomar todas as manhãs. Satisfeita, vou até o lugar em que as roupas se encontravam, vestindo-as calmamente. Apesar de não demonstrar, nunca havia me sentido tão estranha e intrigada. E eu não conseguia parar de pensar nisso por um segundo sequer.
Já vestida, me dirijo ao banheiro, que incrivelmente também estava em ordem. Observo minha imagem no espelho, encontrando uma Sophia visivelmente bem descansada, com os cabelos limpos e bem vestida. Decidi, então, deixar o lugar. Peguei minha mochila no canto do quarto, colocando-a nas costas, e me direcionei à recepção do lugar, para pagar a outra diária pendente. Quando acabei, criei coragem para ir procurá-lo. Não tinha opção, afinal, já que tínhamos que seguir viagem juntos. Confesso que isso me assustava um pouco.
Deixei a estalagem, tentando me lembrar do pouco que havia visto da cidade no dia anterior, e onde ele poderia estar. Não que a resposta fosse difícil, todos sabiam que ele adorava tavernas e sempre estava enfiado em alguma. Ainda receosa, me dirigi à única taverna que havia visto na cidade, esperando que o encontrasse facilmente. Ainda que a ideia de adentrar uma taverna não me agradasse, ter que encará-lo novamente parecia terrivelmente pior.
Última edição por Sophia Lamartine em Qui Out 06, 2016 1:50 pm, editado 1 vez(es)