Lore: Ordem do Céu Boreal

Relembrando a primeira mensagem :

Posição inicial: Beklard

Time Skip – 9 horas de sono.

E como em toda vez que acordava, seu corpo já ia se levantando sozinho (mesmo que isso fosse depois de tomar um porre), não perdendo nenhum tempo. O sol ainda estava raiando quando ela ainda sem roupa nenhuma deu um empurrão na janela de madeira, recebendo os primeiros raios solares sobre seu corpo de braços abertos. Claro que isso fez um barulhão no momento em que as duas partes da janela se chocaram com a parede do lado de fora, mas isso era o de menos. Respirou fundo e então saiu tropeçando em todas as suas roupas que estavam no caminho até o banheiro, porém foi vestindo-as conforme pisava em cada uma. Escovou os dentes, jogou uma água no rosto e então voltou com uma maçã que havia tirado de algum bolso aleatório, gritando enquanto mastigava.

- Certo marujos, iremos oficializar nosso bando!

Continuou a falar com a boca cheia, mas esperava que eles já tivessem entendido sobre o que se tratava. Oras, era óbvio: já que o mundo era movido por dinheiro, eles precisariam disso para comprarem o seu primeiro navio voador. Mas a sua cabeça oca esqueceu que ainda não havia revelado o fato de que não tinha navio nenhum. O passarinho talvez soubesse, mas a orelhuda certamente não.

- Oras, fundaremos uma associação sob minha liderança e conquistaremos os céus desse mundo! Agora andem logo, precisamos ir até um estabelecimento próximo para acertamos aos detalhes.

Disse terminando de comer todo o resto daquela fruta com a naturalidade de quem expressava o melhor plano do universo.

Manteria sua pose de qualquer jeito, não seria um par de asas batendo que atrapalharia seu peito estufado e suas mãos sobre a cintura. A tentativa de deixar-lhe em uma má posição não daria certo! Porque Francis Drake é desprovida de medo! E de senso comum também. Encheu ainda mais o peito para sua fala determinada e completamente cheia de si.

- O Golden Hind será o melhor navio de todos! Mas vocês me ajudarão a compra-lo! Por isso devemos nos aventurar nas mais mortais masmorras! Hahahahahaha!

- Mas que raios de reação foi essa?!

Disse Drake quando não conseguia sequer entender o motivo para aquela situação pelo simples fato de que ela ainda não tinha seu navio. Ora, era de se esperar já que havia largado tudo para explorar o mundo afora, e também, a melhor parte começava agora: quantas caça ao tesouro teriam que fazer até conseguirem seu primeiro objetivo? Só o pensamento disso fazia arderem seus olhos com convicção. Apesar de que essa convicção toda fazia-a parecer uma líder de escoteiros, já que colocou todo mundo para fora e liderou o caminho até a rua.

- Iremos oficializar nossa guilda, Eu particularmente me desgosto dessa ideia, todavia é o método mais rápido para conseguirmos alcançar os céus, hahahahaha!

- Com toda certeza! Eu, Francis Drake, conquistadora de todos os ares e exímia na arte do aventurismo, irei guiá-los ao alvorecer da grandeza! Hahaha, eu disse algo elegante não disse?!

E então saiu. Infelizmente a realidade da porta do estabelecimento para fora não era tão elegante assim, mas para ela pouco importava. Como havia dito no dia anterior, a elegância daquele lugar eram as inspirações e aspirações daqueles que o compunham! É a elegância que você pode ver, mas não pode ver conhecida apenas àqueles que enxergam além do visível. Mas certamente Francis Drake não sabia disso, porque ela mal conseguia ver o que estava na sua frente muitas vezes. Entreverou-se nas vielas que levaram seu destino junto com seus companheiros até a porta da Associação de Aventureiros.

- Esse é o lugar.

Deu um empurrão na porta e entrou com tudo, como era de costume em quase qualquer estabelecimento que frequentava. Alguns ainda diziam: quando a porta estourar, Drake irá entrar. E não era para menos. Sua figura chamativa caminhou por entre o estabelecimento lotado acompanhada dos seus seguidores e rumou até o balcão, e chegando ali o passarinho começou a encher sua paciência. Logo tratou daquilo, pois quando enfiou a destra no meio dos próprios seios para tirar um saquinho cheio de dinheiro, acertou o cotovelo no meio da face do companheiro de equipe. Jogou o saquinho ao ar na direção da orelhuda, uma vez que Francis Drake não paga ninguém em moedas.

- Atendente! Essa orelhuda aqui irá usar o dinheiro que me roubou para fundarmos nossa associação, agora passe para cá o papel e a tinta!

He'el estava há pouco tempo caminhando pela cidade, buscando informações pelas extensas ruas. Havia deixado a casa de uma senhora ontem; De coração bondoso, acolheu o Draconis que não tinha onde ficar, em troca de serviços que exigiam mais trabalho braçal. Desta forma, ganhava uma cama quente, comida e alguns trocados, que juntava para continuar a sua viagem.

E prosseguiu, buscando um jeito de juntar mais algum dinheiro. Qualquer coisa, ou quase tudo, era válida para ele que tinha grandes objetivos pela frente. Morreria de fome se viajasse de mãos atadas, logo quanto mais, melhor. Era o seu jeito de raciocinar, que nunca foi o seu ponto forte.

Acabou parando em certo estabelecimento. Um homem, repleto de afazeres, resolveu aproveitar-se da vontade de He'el de ganhar alguns trocados: Tudo o que teria de fazer era substituí-lo por alguns minutos, até que finalmente resolvesse seus assuntos pessoas e "importantes". Para a criatura com chifres, pouco importava o que ele tinha para fazer, desde que cumprisse a sua palavra.

O esquema era simples, sem erro algum. Aceitando o trabalho, ficou em seu lugar, atendendo alguns dos aventureiros e seguindo as instruções dadas pelo balconista.

Tudo correu normalmente, até a aparição de um trio. Ao primeiro ver, eram aventureiros animados com a ideia de oficializar um laço, e isso era até bonito. Mas a reação de uma das meninas intrigou He'el, que notou o olhar estranho, e ligeiramente familiar.

Aquilo era... Medo? Já viu muito olhares deste tipo. Principalmente "deles", que vendo-o como um animal, não passavam nada além de raiva e desprezo. Medo não era tão diferente, no mínimo, era igualmente vazio. — Uhn... Algum problema? — Não soube muito bem o que dizer, um tanto quanto constrangido.

A ideia não era ruim, porém para uma exímia negociadora como Francis Drake, ainda restavam opções melhores do que o proposto. Era hora de mostrar o seu carisma como comandante e, por isso, tratou de ignorar qualquer coisa que a atrapalhava em seu momento de brilho, acabando por cruzar os braços frente ao busto mesmo enquanto tinha as bochechas alvejadas a todo segundo. Mostraria que poderia resistir a qualquer coisa! E então disse:

- Há há há! É uma bela ideia, mas eu tenho uma melhor.

Bateu a destra sobre o balcão e fez todos os utensílios trepidarem, exalando suspense até abrir a boca e potencialmente deixar seu grupo todo com cara de: ,,, quê?

- Ponha mais 100 moedas e complete nosso time, chifrudo!

O Draconis estava um tanto perdido, ainda aturdido com o olhar da Ku'Fae. Ele buscava entender o porque da menina estar o fitando daquele jeito tão estranho; Tinha o visto em algum lugar? O reconhecia? O confundia com alguém? É, ele realmente estava perdido. Aquilo não era tão agradável, mas esperava obter alguma resposta rapidamente. E fora isso que aconteceu. Um dos indivíduos do trio, o qual He'el reconheceu como um Seraph, comentou algo com a companheira sobre contratar os seus serviços. Isso lhe soou interessante, mas o que realmente chamou a atenção foi o que veio a seguir, quando comentou algo sobre um livro de aventuras. — Livro de aventuras...? É verdade? —

Isso sim despertou o seu interesse, pois o fez lembrar dos antigos contos que lia com a sua doce Cyem. Quando adotou esse sobrenome, jamais tinha pensado em se tornar um herói de contos semelhantes, assim como o verdadeiro Wyrmbalwe. E isso não era uma ideia ruim, afinal, seria eternizado de alguma forma, junto com tudo aquilo que conseguisse deslumbrar. Eram devaneios aleatórios que surgiram de repente em sua mente, e logo afastou-se destes, notando a aproximação do terceiro elemento. Julgou-a como "líder" do grupo, devido a sua forma de agir, falar, e o jeito como foi chamada: Capitã... De toda forma, não sabia nada sobre nenhum dos três. Levantou-se após a sua fala, tornando aparente a sua altura exorbitante. — Ei! Eu tenho um nome! — Não gostava de ser chamado de chifrudo, o que era algo constante, mas irritante. Ele tinha um nome e não queria desperdiçá-lo. — E é He'el Wyrmbalwe! Agora que sabe meu nome, não precisa me chamar assim! —

Bufou, pensando por alguns segundos quanto a proposta. Ela não parecia tão ruim, a primeira vista. — Mas eu não sei nada de vocês... Quem são? —

Por algum motivo, tinha as duas mãos na própria cintura e o peito estufado juntamente com um sorriso confiante enquanto era agraciada com todos os elogios provindos do passarinho. É, tomava aquilo como perfeitamente normal. Resolveu descomplicar tudo com sua próxima frase.

- Você pode chama-los de orelhuda e de passarinho. Mas mais importante que isso, VOCÊ DEVE TER OUVIDO O NOME DE FRANCIS DRAKE, NÂO É?!

E nem esperou que ele sequer respondesse.

- Já que conhece todas as minhas façanhas, com certeza irá participar da nossa jornada, hahahaha!